quinta-feira, 6 de junho de 2013

Sociologia e Teoria Crítica do Currículo: Uma Introdução

Autores: Antônio Flávio Barbosa Moreira e Tomaz Tadeu da Silva
Assuntos: Educação, politicas de governo, psicologia educacional, ensino, gestão de professores.

O primeiro capítulo do livro inicia trazendo a muitas vezes errônea concepção de currículo como apenas uma cartilha a ser seguida composta por questões relativas a procedimentos, técnicas e métodos. E deixa claro que currículo é muito mais que isso, pois tem uma história vinculada a formas especificas e contingentes  de organização da sociedade e  da educação.
O texto é dividido em dois temas:
Emergência e desenvolvimento da sociologia e da teoria crítica do
currículo.
Uma visão sintética dosa temas centrais da análise crítica e sociológica
do currículo.

No primeiro tema, temos uma volta histórica no desenvolvimento do currículo. Durante o século XXI nos Estados Unidos educadores iniciaram um tratamento mais metódico de problemas e questões curriculares dando surgimento de um novo campo. O principal objetivo desses especialistas era planejar cientificamente as atividades pedagógicas e controla-las. Nessa época a economia passou a ser denominada pelo capital industrial, pois os EUA estava passando pelo período pós- guerra civil.  A partir de então uma nova concepção de sociedade começou a ser aceita e difundida. Cooperação e especialização ao invés de competição configuraram os núcleos de uma nova ideologia. O sucesso na vida profissional passou a requerer evidências de méritos na trajetória escolar. 
Duas tendências em seus momentos iniciais representaram diferentes respostas as transformações sociais, politicas e econômicas por que passava o país. Uma que valorizava os interesses do aluno, representada pelos trabalhos de Dewey e Kilpatrick que aqui no Brasil ficou conhecida como escolanovismo. E outra para a  construção científica de um currículo que desenvolvesse os aspectos da personalidade adulta que aqui denominou tecnicismo.
Uma nova onda de insatisfação nos anos 70 tomou conta da população que criticava o novo modelo de educação durante a corrida espacial. Insistiram então em restaurar a suposta qualidade perdida na educação. A partir de então houve uma reforma nos currículos de Ciências, Matemática, Estudos Sociais e etc.
No período de 1950-1980, novos rumos teóricos e metodológicos transformaram a feição do ensino e da pesquisa da Sociologia na Grã-Bretanha, uma Sociologia renovada.
Tanto os primeiros textos da NSE como seus desdobramentos permanecem
até hoje insuficientemente divulgados
no Brasil (Silva, 1990).
No segundo tema o autor começa deixando claro que o conhecimento corporificado como currículo educacional não pode ser mais analisado fora de sua constituição social e histórica.
Ideologia, cultura e poder foram os três eixos escolhidos para mapear as questões e temas que continuam centrais na Teoria Crítica e na Sociologia do Currículo.

I) Currículo e Ideologia:
A ideologia era vista como uma imposição. Essa visão amplia-se em três
dimensões: A primeira, a ideologia não teria efeito se não contasse com
alguma forma de consentimento dos envolvidos.  A segunda, a ideologia não é
homogênea e coerente de ideias, é feita de diferentes espécies de conhecimentos. Nesse contexto foi muito importante  o desenvolvimento do conceito de hegemonia, a partir do pensamento de Antônio Gramsci, que chama a atenção exatamente para o aspecto contestado do terreno ideológico. A terceira dimensão, nesse processo de refinamento do conceito, os mecanismos de transmissão foram sendo vistos como muito sutis. A ideologia perde aqui sua conotação idealista, para ser vista como tendo existência material. 

II) Currículo e cultura
Na teoria educacional tradicional cultura e currículo formam um par
inseparável, formando uma forma institucionalizada de transmitir a cultura de
uma sociedade.
O currículo e a educação estão profundamente envolvidos em uma
política cultural, o que significa que são campos de produção ativa de cultura .
Portanto, o currículo é um terreno de produção e de política cultural no
qual os materiais funcionam com matéria-prima de criação, recriação e de
contestação e transgressão.

III) Cultura e poder
O currículo ao expressar as relações de poder, no seu aspecto oficial,
constitui identidades individuais e sociais que ajudam a reforçar as relações de poder existentes fazendo com que os grupos subjugados continuem da mesma forma. Reconhecer que o currículo está atravessado por relações de poder não significa ter identificado essas relações. Grande parte da tarefa da analise educacional consiste precisamente em efetuar essas identificações. Cabe a teorização curricular critica em um esforço continuo de identificação e análise das relações de poder envolvidas na educação e no currículo  O currículo como campo cultural, como campo de construção e produção de significações e sentido, torna-se assim um terreno central dessa luta de transformação dessas relações de poder.


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