Autores:
Antônio Flávio Barbosa Moreira e Tomaz Tadeu da Silva
Assuntos:
Educação, politicas de governo, psicologia educacional, ensino, gestão de
professores.
O primeiro
capítulo do livro inicia trazendo a muitas vezes errônea concepção de currículo
como apenas uma cartilha a ser seguida composta por questões relativas a
procedimentos, técnicas e métodos. E deixa claro que currículo é muito mais que
isso, pois tem uma história vinculada a formas especificas e contingentes de organização da sociedade e da educação.
O texto é
dividido em dois temas:
Emergência e desenvolvimento da sociologia e da teoria
crítica do
currículo.
Uma
visão sintética dosa temas centrais da análise crítica e sociológica
do
currículo.
No primeiro tema, temos uma volta histórica no
desenvolvimento do currículo. Durante o século XXI nos Estados Unidos educadores
iniciaram um tratamento mais metódico de problemas e questões curriculares
dando surgimento de um novo campo. O principal objetivo desses especialistas
era planejar cientificamente as atividades pedagógicas e controla-las. Nessa
época a economia passou a ser denominada pelo capital industrial, pois os EUA
estava passando pelo período pós- guerra civil.
A partir de então uma nova concepção de sociedade começou a ser aceita e
difundida. Cooperação e especialização ao invés de competição configuraram os
núcleos de uma nova ideologia. O sucesso na vida
profissional passou a requerer evidências de méritos na trajetória escolar.
Duas tendências em seus momentos iniciais representaram
diferentes respostas as transformações sociais, politicas e econômicas por que
passava o país. Uma que valorizava os interesses do aluno, representada pelos
trabalhos de Dewey e Kilpatrick que aqui no Brasil ficou conhecida como escolanovismo. E outra para a construção científica de um currículo
que desenvolvesse os aspectos da personalidade adulta que aqui denominou tecnicismo.
Uma nova onda de insatisfação nos anos 70 tomou conta da
população que criticava o novo modelo de educação durante a corrida espacial.
Insistiram então em restaurar a suposta qualidade perdida na educação. A partir
de então houve uma reforma nos currículos de Ciências, Matemática, Estudos
Sociais e etc.
No período de 1950-1980, novos rumos teóricos e metodológicos transformaram
a feição do ensino e da pesquisa da Sociologia na Grã-Bretanha, uma Sociologia
renovada.
Tanto
os primeiros textos da NSE como seus desdobramentos permanecem
até
hoje insuficientemente divulgados no Brasil (Silva, 1990).
No segundo tema o autor começa deixando claro que o
conhecimento corporificado como currículo educacional não pode ser mais
analisado fora de sua constituição social e histórica.
Ideologia, cultura e poder foram os três eixos
escolhidos para mapear as questões e temas que continuam centrais na Teoria Crítica
e na Sociologia do Currículo.
I) Currículo e Ideologia:
A ideologia era vista como uma imposição. Essa visão
amplia-se em três
dimensões:
A primeira, a ideologia não teria efeito se não contasse com
alguma
forma de consentimento dos envolvidos. A
segunda, a ideologia não é
homogênea
e coerente de ideias, é feita de diferentes espécies de conhecimentos. Nesse contexto foi muito
importante o desenvolvimento do conceito
de hegemonia, a partir do pensamento de Antônio Gramsci, que chama a atenção
exatamente para o aspecto contestado do terreno ideológico. A terceira
dimensão, nesse processo de refinamento do conceito, os mecanismos de transmissão foram sendo vistos como muito sutis. A ideologia perde aqui sua conotação idealista, para ser vista como tendo existência material.
II) Currículo e cultura
Na
teoria educacional tradicional cultura e currículo formam um par
inseparável,
formando uma forma institucionalizada de transmitir a cultura de
uma
sociedade.
O
currículo e a educação estão profundamente envolvidos em uma
política
cultural, o que significa que são campos de produção ativa de cultura .
Portanto,
o currículo é um terreno de produção e de política cultural no
qual
os materiais funcionam com matéria-prima de criação, recriação e de
contestação
e transgressão.
III) Cultura e poder
O
currículo ao expressar as relações de poder, no seu aspecto oficial,
constitui
identidades individuais e sociais que ajudam a reforçar as relações de poder existentes fazendo com que os grupos subjugados continuem da mesma forma. Reconhecer que o currículo está atravessado por relações de poder não significa ter identificado essas relações. Grande parte da tarefa da analise educacional consiste precisamente em efetuar essas identificações. Cabe a teorização curricular critica em um esforço continuo de identificação e análise das relações de poder envolvidas na educação e no currículo O currículo como campo cultural, como campo de construção e produção de significações e sentido, torna-se assim um terreno central dessa luta de transformação dessas relações de poder.